Das coisas mais fantásticas do mundo, apaixonar-nos pelas pessoas, pela sua energia ou arte. Aconteceu com a Ana, conhecida como ♥ Comandante da Guerrilha Cor de Rosa ♥, Capicua, MC do Porto. Para mim, na leitura do disco adquirido legal e gratuitamente através da Optimus Discos, temos acima de tudo uma poeta, que por acaso gosta de gritar o que lhe vai na alma de "mic" na mão, para se fazer ouvir mais alto e como a própria diz "e para me ver, vão ter de levantar o pescoço". E é verdade, os concertos dela costumam estar compostos, por um público tão díspar, e tão distante do universo Hip Hip, onde a Capicua se move. Mas as suas palavras são transversais, e bate, fundo no peito do beto de Cascais a viver à conta da fortuna dos pais ou acelera o ritmo cardíaco da miúda da margem sul, todos os dias ruma a Lisboa para se enfiar num call center e fazer vendas por telefone. Capicua, vaticina "Hun, seremos nós os heróis" e faz questão de realçar que mesmo que sejamos os dos 500 euros a recibos verdes, não somos a geração rasca.
Apenas com uma bic, sensibilidade de mulher do norte, língua afiada, tantas vezes põe o dedo na ferida, mas não deixa de nos contar os seus sonhos. Capicua adorava uma casa de campo, que podia ser na cidade, mas com discos e livros, e outro umbigo junto ao seu, numa cama de rede sob um céu estrelado. Uma romântica, portanto. O primeiro espectáculo da Capicua, assisti no S. Jorge em Lisboa, apresentou-se como uma princesinha, menina doce, erguia o dedo indicador não para acusar mas para reforçar "eu quero viver a vida como no 1º dia". A Ana não tentou por um instante ser o que não é, excelente "abre-olhos" para quem adora etiquetar estilos ou géneros, afinal de contas naquela noite, encaixaram-na num cartaz de bandas rock e a miúda safou-se tão bem com o seu jeitinho do norte e a poesia fluindo em cada gota de suor.
Brinquei mais tarde, dizendo-lhe, a Capicua põe rabo de cavalo lateral e tem estilo, a Cláudia faz o mesmo e é pirosa. Ao que assumiu-se pirosa. Aliás, numa das suas letras refere que o cor de rosa fica bem à sua volta. Somos duas, portanto, há tanto que me assumo pirosa dos sete costados, os que me conhecem receiam o que levarei vestido no dia seguinte, especialmente, qual o penteado? Lembro, nos 80s, tudo era permitido, talvez por isso o meu fascínio por essa década. Havia os loiros platinados, os encarnados, azuis e laranjas. Ah e o efeito ripado, muita laca, tótós, rabos de cavalo mesmo no topo do "cucuruto", outros laterais, e fazia tudo parte do cardápio. Inovar era o lema.
Eu adoro "coques", a Capicua também, e brincar com eles, pô-los na lateral , lado a lado, ao estilo "Frida Khalo" ou "Princesa Leia". Passei tantos anos com o cabelo curto, despenteado punk/rock, voltei a tê-lo comprido e parece-me um desperdício não usá-lo para as mais diversas experiências. Oiço bocas foleiras, mas sinto-me tão confiante na minha pele e sorrio, no dia seguinte, é possível, entre elásticos e ganchos, invente algo ainda mais estrambólico, e assim as queridas conservadoras de cabelo comprido solto e escadeado ficam de olhos em bico.
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