domingo, 29 de abril de 2012

Dia Internacional da Dança


O efeito dança, tem para mim o mesmo do riso, é sempre bonito, mesmo que desastrado. Porque gosto de coisas bonitas, estou sempre a rir que nem uma tola e um dia quis ser bailarina, para mais tarde preferir a coreografia. Ditou o destino que no bailado fosse uma mera espectadora, que tantas vezes pensa para si, talvez se tenha perdido uma grande bailarina, ou talvez não.Paixão recôndita, a poucos assumi este capricho, por uma das artes mais belas do mundo. E se falo em dança, logo me ocorre a imagem de  Baryshnikov.


Natural da Letónio, era o tesouro mais bem guardado do Balett de Kirov na Rússia. Homem de estatura pequena, distinguiu-se não só pela elegância, corpo definido (como desenhado a carvão), uma personalidade intensa, carácter apaixonado e força. Como tal fraca figura, exercia a força nos passos e especialmente nos saltos? Os mais altos! Intrigante, não?! Por isto e muito mais, à época disseram de Mischa (diminutivo para o verdadeiro nome) "o mais perfeito bailarino".


Baryshnikov tinha tudo, menos liberdade, quem diria, o homem que conseguia os mais belos e altivos saltos em palco, via-se de asas cortadas pelas politiquices soviéticas.




Em 1970, planeou com uma amiga, Christina Berlim, a fuga da sua própria companhia de bailado, numa digressão em Londres. Esteve em isolamento temporário no Canadá, país onde deu o ar da sua graça com a peça «La Sylphide», e em pouco tempo rumava ao sonho americano, tornando-se numa verdadeira estrela. Reconhecido como extraordinário bailarino, que chegara à terra prometida para criar com total liberdade de expressão, seria inesperadamente, elevado a ícone. Fotógrafos e realizadores queriam trabalhar com Baryshnikov, o bailarino de sotaque estranho e encantador. 




Toda a gente queria estar Baryshnikov,  frequentava locais míticos como o Studio 54, nunca se desviou do verdadeiro objectivo, inovar na sua arte. Nos primeiros dois anos após deixar o Ballet Russo, dançou com 13 coreógrafos diferentes, incluindo Jerome Robbins, Glen Tetley, Alvin Ailey e Twyla Tharp. Queria apreender, absorver tudo o que não pudera  junto dos seus, e pouco se importava com o sucesso comercial dos projectos em que se envolvia. «A nova experiência dá-me muito» citou um dia numa entrevista, fascinado com as formas clássicas e modernas, embora se tenha sentido desconfortável, especial quando Tharp insistiu incorporar excêntricas pessoais e gestos na dança.


Em 1977 estreou-se no cinema e não fez a coisa por menos, ao lado de Anna Bancroft e Shirley Maclaine, um drama familiar e que só chamou à atenção pelo tal russo de sotaque estranho e gestos delicados. De resto, esta fita não teria ficado para a história, nem mesmo incluindo no cartaz duas das actrizes mais relevantes do panorama cinéfilo norte-americano. Na sua carreira profissional, alcançou tudo o que seria possível, como por exemplo passar de bailarino a director artístico do American Ballet Theatre. E é seu um dos momentos mais memoráveis do cinema, a dança com Gregory Hines em «White Nights», entre o jazz, musical e sapateado. Sublime e inesquecível. 


Depois há aquela geração que só ouviu falar do Mischa pelo «Sexo e a Cidade», o amante Russo de Carrie, o artista atormentado (não são todos?) mas que mesmo assim ainda lhe lê poesia, numa cidade que há muito esqueceu o verdadeiro romantismo. Foi um prazer revê-lo nesta série, até porque nota-se desde o primeiro dia, as cameras nunca o intimidaram, naturalmente cria química e encanta o mundo inteiro, aos pulos ou simplesmente sentado. Aliás, a idade não tem sido problema para o bailarino que desenvolveu um projecto no mínimo arriscado. « The White Oak » é um trabalho para bailarinos mais velhos criado em 2007 quando fez 60 anos. O lema é  unir disciplina e carisma, e nessa base,  formou um elenco de  longa carreira e  sombra sobre a dança contemporânea do mundo. "Não importa quão alto levantas a perna. A técnica é sobre transparência, simplicidade e fazer uma séria tentativa", disse ainda numa entrevista para o canal Biography, com a idade pode já não ter a destreza física de outros tempos, mas hoje tem a sabedoria que não tinha na altura dos pulos que o celebrizaram, e isso permite-lhe explorar o seu próprio corpo noutros movimentos. Palavras que não caíram em saco roto. Enquanto cá estivermos, há sempre uma missão para cada um de nós, podemos querer ou não cumpri-la.


quarta-feira, 25 de abril de 2012

So What?


Nos 90's Madonna respondia a mais uma das suas polémicas com o célebre "So What?" Por essa altura urdia uma transformação na imagem, de "namoradinha (rabina) da américa" e uma assumida sexualidade; «Sex», o livro. Ainda hoje, procuro em leilões o magnífico exemplar, capa metálica, digno de fechadura a cadeado e um preço absurdo, incompatível com a minha bolsa. As fotos são tudo menos católicas, e curiosamente, a ligação de Madonna com Deus foi sempre ambígua, mas é efectivamente uma mulher de fé. Porque é mente aberta, libertina, criativa, e acima de tudo calculista, nunca deixou que as suas cranças lhe toldassem os caminhos a seguir. Bem pelo contrário, usa a religião, como coqueluche de eleição, desde as primeiras imagens do fim dos 70's, cheia de crucifixos, fios, brincos e pulseiras. Heresia para alguns, esperteza saloia, para o "portuguesinho" de vistas curtas, vê nela a "doida" que adoraria ter na cama, mas Deus livre o mundo de seres tão levianos.

A "cabra mor" num mundo replecto de cabrões, Madonna, distingue-se de um dos seus ídolos, Marilyn,  pela perversidade. Talvez o seu verdadeiro segredo, imune aos revezes, força indestrutível, astúcia, e muita pouca vergonha, os compostos no carácter de uma mulher, diria construída em laboratório. Dia 8 de Maio vai a leilão esta foto do livro «Sex», sessão com Steve Meisel, em Nova Iorque, e aguarda-se que as licitações cheguem pelo menos aos 5 mil dólares.

No livro «Sex» o título não engana e há mesmo sexo! Revelações de Madonna (sugerem-me fantasias para efeitos claramente comerciais) e imagens sexuais, linha ténue entre a vulgaridade e sensualidade. Mesmo para Madonna, a mulher que conquistou o mundo (segundo o seu sonho quando imberbe), expôr-se à luxúria numa obra de arte com o arriscado título "sexo", das duas uma, ou chocava ou defraudava. A Rainha sempre disse, bem ou mal, queria que falassem dela, portanto, o objectivo foi conseguido e as imagens chocaram. 


 No seguimento do livro, o CD «Erotica», muito mal recebido pela crítica, Madonna apresenta a sonoridade "dance" do costume, mas desta vez, coloca a "pop pastilha elástica" de parte e apresenta-a num prisma granula, cheia de impurezas, introduzindo algum rythm and blues. Canta sobre raparigas mal comportadas, que bebem e fumam em demasia ou sobre o flagelo da Sida. Destacam-se «Fever» e «Rain», não sabemos se Madonna se terá constipado durante a digressão "The girlie Show", facto é que a chuva acompanhou-a forte e feio. Os fãs nunca a deixaram, mesmo nas piores intempéries. E quando se fala da queda da Rainha, ela reaparece, renovada e uma jovialidade surreal, como se esta mulher imparável e infernal, tivesse mesmo um pacto com o diabo.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Ainda ... «Doutor Jivago»


O frio é altamente inspirador. Um amigo dizia no Verão, saudade do Inverno para usar os seus casacos, lenços, as malas grandes de couro, os gorros e as botas quentinhas. Juntar o que é trendy e confortável, o melhor dos dois mundos. Na realidade e neste Abril tão frio, já todos chamamos pelo calor, para mostrar os pés em sandalinhas amorosas, usar as camisolas curtinhas e ficar de umbigo ao leu e muita cor.

Karl Lagerfeld, de alguma forma inspirado nas premissas estéticas de «Doutor Jivago», apresentou pela Chanel em 2010 algumas peças bem sugestivas:

Temos disponível por apenas 4 Pechinchas, edição antiga do livro «Doutor Jivago», lançado pela Bertrand. Para mais informações: acrisenaomoraaqui@gmail.com



segunda-feira, 23 de abril de 2012

Jogar Bonito

Distantes vão os anos, das tenistas  de bigode ( hormonas ao rubro ou puro desleixe), a verdade é que lembro-me de ver campeonatos na televisão, e à parte das saias serem bastante sensuais, no geral as senhoras, no porte, eram verdadeiras camionistas. Nem a Monica Seles ou a Steffi Graf deviam muito à beleza, mas sentia um arrepio na pele a subir-me das visceras, quando a Martina Navratilova enchia o ecrã. Era mesmo o fim do mundo, não em cuecas, mas com óculos de massa, uma banda anti-transpirante na testa e um penteado medonho.

Mulheres como Maria Sharapova ou Anna Kournikova, mudaram consideravelmente as regras deste jogo, e é inevitável, vê-las divididas entre os courts e as passerelles. É claro que as senhoras guradiãs da velha tradição, sovacos peludos e penteados sofríveis, lembraram-se de entrar em cena, criticando o "urro". De que falo? Então, as "queridas" estão a servir, lançam a raquete com muita fúria à bola e libertam um sexy "urro", polémico ao que parece, por ser passível de distrair o adversário. Eu diria que só desconcentra verdadeiramente quem se encontra do outro lado da tabela - se for homem, ou se estiver uma mulher que pertença ao "sindicato", como é o caso de Navratilova, curiosamente, a que mais se tem insurgido contra esta liberdade de expressão.  

Eu não jogo ténis, nem sequer percebo as regras, mas acho um jogo bonito, por todos os motivos que possam imaginar, incluindo quando as "babes" tiram discretamente as bolas do interior da saia e as lançam com todo o fervor. A nova boneca dos courts de ténis chama-se Donna Vekic, croáta de apenas 15 anos e se for tão inteligente como as suas conterrâneas, em pouco tempo, será dona de um pequeno império.


domingo, 22 de abril de 2012

«Alfaiate Lisboeta» em Livro!


Sigo o Alfaiate Lisboeta num daqueles jornais gratuítos, só depois desse reconhecimento, dei o salto para a blogosfera. Gosto das suas "flashadas" pelo espaço à diferença e o verdadeiro espírito urbano é mesmo isso. Deixei de ver programas da cabo como "What Not to Wear", porque no contexto certo, tudo é passível de ser vestido e causar vistão. É isso que o Alfaiate revela nas fotos que diariamente partilha, com as mais variadas paletas de cores e texturas. Os rostos, são muito particulares, passarão discretos entre a multidão das muitas cidades por onde este Lisboeta se move, mas que não escaparam à sua objectiva, e assim as eternizar num livro que já está no mercado. 


Sei que o José Cabral, verdadeiro nome do Alfaiate Lisboeta, fotografou a minha queridíssima Teresa Lopes Alves (mais do que Fadista, uma Intérprete) e aguardo ansiosa que as suas fotos constem no livro. É um encanto de mulher e com o maior e mais intenso abraço de sempre. A Teresa, arrojada como eu, sugeriu até que entrevistasse o Alfaiate para o meu programa «Lisboa Menina e Moça» na Rádio Amália. Tenho pensado nisso, mas receio ser demasiado extravagante para o nosso público, segundo se diz, maioritariamente constituído por taxistas. Fica aqui o mote, se o Alfaiate ouvir a Amália, está automaticamente convidado. Alguém lhe passe a mensagem, por favor. Eu depois resolvo o assunto com os taxistas:)

Ficam as datas de apresentação do livro do Zé, como o próprio assina:

Percurso Fnac:
 
» 24 de Abril » 18:30h » Chiado
» 27 de Abril » 21:30h » Alfragide
» 1 de Maio » 16h » Colombo
» 4 de Maio » 21:30h » Almada
» 19 de Maio » 17h » Vasco da Gama 
» 20 de Maio » 16h » Cascais

sábado, 21 de abril de 2012

Another trendy love story ....

A historia de hoje remonta às origens do meu nome, Laura . A personagem da «Love story», é  Lara, objecto de afeição de Jivago. Importante clássico da literatura mundial, foi alvo de várias adaptações 
cinéfilas; a mais famosa, realizada por David Lean, 1965, com o mítico Omar Sharif,  Julie Christie e Geraldine Chaplin, respectivamente nos papeis de Jivago, Lara e Tonya.
Ganhou cinco óscares, entre os quais: Melhor Partitura Musical «Lara´s Theme» e Melhor Fotografia.




Quanto ao guarda roupa, podemos tirar algumas ideias, sobretudo os chapéus e gorros tão típicos de terras russas .


«Doutor Jivago» conta a historia de um médico poeta, cuja a vida é atravessada por revoltas políticas essencialmente no decorrer da Revolução Russa. Estudiosos referem Jivago como um alter-ego do próprio autor, Boris Pasternak, não somente na ideologia política como na sua vida afectiva. Procura demonstrar sem maniqueísmo, romantismo exacerbado ou critica politica, a vida e os sentimentos das personagens no contexto da Revolução Soviética. Desenha-se ternamente, e num modo e realista, o amor do médico Yuri Jivago pela jovem Lara. Este amor atravessa intempéries com o  passar dos anos. As convenções morais e sociais, sempre latentes, Jivago é casado em primeiras núpcias com Tonya.



Romance extremamente dualista, entre o presente - uma parte histórica-politica ( revolução soviética e I Grande Guerra, guerras civis russas, os tempos da NEP e Rússia pós-guerra.) - e outra romântica e o desenrolar do conflito amoroso de Jivago, Tonya e Lara.

Autobiográfico, a angústia e ideologia de Jivago é o espelho de Pasternak. A filosofia,  literatura e medicina faziam parte de um todo, através do qual, o escritor, exprimia o seu amor pela vida e pela beleza a ela inerente .


Publicado em 1957, foi alvo várias criticas, até censura. Considerado anti-socialista, anti-democrático e anti- histórico, viria a ganhar o Prémio Nobel da Literatura (1958), à altura, impedido de o receber por motivos políticos.

Trendy Clones? NO!

Se procuramos a individualidade, em termos de estilo, ao comprarmos todas nas mesmas lojas, o inevitável acontece. Ao virar da esquina, há sempre uma mulher com um trapinho igual ao nosso. Os gémeos, na infância, são vestidos a condizer, os pais acham uma gracinha, os miúdos não têm ainda voto na matéria. Não admira, mais tarde, por conta própria, usem calças ao fundo do rabo, rego ao leu e uma tatuagem tribal na omoplata.


Nunca me aborreceu, como agora, encontrar mulheres com roupa igual à minha. Por isso recordo, na série dos 80s «A Febre de Beverly Hills», Brenda e Kelly as duas rivais, encontram-se no mesmo evento com um vestido igualzinho. Ainda hoje, especialmente a comunidade "gay", adora lembrar esse episódio e gracejar, porque a ficção é tantas vezes pura realidade. Atentem o resto deste artigo.

Concerto do projecto A Naifa no Teatro Municipal de Almada, já de saída, uma jovem com pinta de gótica, um casaco, a que alguém terá chamado "muito Lady Gaga", mesmo a meu lado. Pormenor, mais igual ao que eu própria envergava, impossível! O meu "guia espiritual" disse-me um dia "em caso de hesitação, a resposta deve ser, não". E recordei as dúvidas que me assolaram, na altura em plena Berska, e aquele pedaço de pêlo na mão, havia a convicção "este material é contra a minha natureza, mais um bocado parece ter esfolado um animal para o tingir a vermelho."


A verdade é que há míticos episódios, com figuras mediáticos, estrelas vibrantes de Hollywood, usando os mesmos trapinhos para finalidades trágico-cómicas. Mariah e Whitney, dizia a imprensa, não se podiam ver nem ao longe, facto é que para além de gravarem um dueto, ainda protagonizaram o divertido episódio nos VMA's.


Por outro lado, e sem qualquer carta na manga, Shakira e Pink, usaram exactamente o mesmo vestido. Numa daquelas noites de insónia, coincidia entrega dos VMA's entra em cena Pink, num estilo muito rock n'roll, e atitude arrojada. Shakira, aparece em grande plano minutos depois, postura discreta, nem mesmo assim deu para dissimular o que estava à vista de todos. Em momentos embaraçosos, o melhor é agir com naturalidade e relativizar, afinal, no mundo todos os problemas fossem esse!


Lá se vê, a série mais "Trendy" de sempre só poderia ironizar com estas situações caricatas do social. Na sequela «Sexo e a Cidade 2", Samantha, a loira cinquentona, dá de caras com uma loira com idade para sua neta e um vestidinho igual. Quase morre ali, estatelada, sorri mas urge um plano para se escapar o quanto antes. O mesmo sentimento o desta comum mortal, em pleno burgo almadense e uma afronta terrível pela "bundona" e as botas de cano alto. Antes que me chutasse para canto, como fará com as baratas, e aquela biqueira fininha, saí à socapa e uma certeza, comprar nas lojas do costume é cada vez mais um risco.


Solução para evitar esta situações. Se até os mais ricos do mundo passam por elas, não seremos nós a escapar, mas creio cada vez mais na compra de artigos em segunda mão, onde se recuperam peças antigas, algumas até exclusivas e a preços extremamente cativantes. Não é por nada, mas A Crise Não Mora Aqui pode ser uma boa alternativa:)

quinta-feira, 19 de abril de 2012

E assim se imortaliza um amor ....Everlasting love ....

A historia de amor mais conhecida da nossa História é sem duvida, a de Pedro e Inês.
Referida em inúmeras obras desde Camões até à actualidade em romances ditos "light". Este amor atravessa séculos, géneros literários e qualquer representação dramática já fez o tão desventurado, amor .
Eu adoro. A paixão, violência, tragédia, vingança e justiça. Elementos, mais do que suficientes, para um argumento cinéfilo.

A bela Inês veio de Castela na corte de D.Constança Manuel, futura esposa de D.Pedro. Não faltou muito para que os dois se encontrassem e surgisse um amor maior que a morte.
De Inês, reza a lenda; lindíssima, longos cabelos loiros, possuidora de um gracioso pescoço, valeu-lhe o epíteto «colo de garça ». A relação teve inicio, ainda em vida  de D.Constança, os frutos desse amor adultero veriam a nascer já com D.Pedro viúvo. Estávamos assim em 1350. 


O fim trágico deu-se na Quinta das Lágrimas,(Coimbra).  Reza a historia que as manchas vermelhas junto à fonte, representam o sangue de Inês, morta às mãos dos carrascos do Rei D.Afonso IV, pai do seu bem amado D.Pedro.Passado algum tempo, dois dos três carrascos foram alvo de uma vingança fria, cruel e a roçar o diabólico, por parte do amado de Inês. Foi-lhes tirado os corações; um pelas costas e outro pelo peito.

A esta trágica historia junta-se outra lenda, « aquela que depois de morta foi rainha», diz -se que aquando da transladação do corpo de Inês, da Igreja de Santa Clara de Coimbra para o magnifico túmulo no Mosteiro de Alcobaça, deu.se o episódio da coroação dos restos mortais da bela Inês por D.Pedro, inclusive o beija mão da rainha póstuma.
Os amantes ficariam pouco mais de quatro anos separados, D. Pedro morreria em 1367. Juntos agora e para sempre.


Os túmulos são considerados os mais belos do panorama da escultura portuguesa medieval. Inês vestida com traje real e coroa de Rainha, rodeada por três anjos, assim como seu amando ...
Apesar dos pormenores trágicos e macabros, Pedro e Inês são a prova de que o Amor vai para além da Morte!

terça-feira, 17 de abril de 2012

... «A la parisienne» ....

Boinas .... adoro! Uso-as especialmente no tempo frio, mais do que chapéu, gosto do ar catita, jovem e « um peu parisienne».
Nem sempre as usei, já fui mais dada a gorros, e até mesmo chapéus... Creio que o despertar deu-se num filme que uma das personagens usava uma boina vermelha, e apaixonei-me pelo "look"... 

O filme «Elisabethtown», acompanha o drama de um filho de volta à terra natal devido à morte do pai. Encontra uma jovem com paixão por tudo o que a rodeia, e revela-lhe que a vida é muito mais do que simplesmente julgamos...

 Outra referencia das boinas, nas temáticas cinéfilas, é a dupla «Bonnie and Clyde», o casal "fora da lei" mais carismático e sensual . Romântico( sem nunca se confirme que o casal "subtraía" aos ricos para oferecer aos pobres), uma vida de fuga constante, em parelha com a  alma gémea, roubando aqui e ali ... e sobretudo, Bonnie, sempre cheia de estilo. As fotos encontradas, após o casal abatido à "queira roupa" numa caça violentíssima, comprovam, a tendência do casal, pelo estilo, nas poses exibidas (quase sempre, armas em punho), os fatos impecáveis de Clyde e Bonnie com boinas altamente "trendy".


Mas será realmente possível dissociar a Boina do cinema e das artes ?  Talvez não, durante muito tempo foram e continuam a ser associadas aos artistas, sejam eles pintores, escultores, escritores, actores e cantores. Os exemplos não nos deixam mentir: Che Guevara, Auguste Rodin, Vitorino ou mesmo "o boinas" do programa da RTP1 «Cinco para a Meia Noite».
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Há também a associação de âmbito militar, de definição cultural como é exemplo a Guarda Suíça do Vaticano e de complemento do traje escocês, ou dos camponeses do País Basco, reza a história, termos aí as suas origens.E talvez não seja de todo mentira, em ambientes rurais, os mais velhos não dispensam a simples boina, não por ser "fashionable", mas com o passar dos anos, tal como um bigode, faz parte da identidade de homens, para quem a moda é coisa de indivíduos que devem muito pouco à masculinidade.

Apesar da sua multiplicidade e versatilidade, a Boina, politizada (ou não), a cheirar a ruralidade (porque não?) veio para ficar. Acessório, ajuda a emoldurar o rosto, para usar e abusar, pelos mais ou menos jovens, uma referencia de estilo, personalidade e até marca pessoal.

domingo, 15 de abril de 2012

Dia Internacional do Café

Um dos prazeres recentemente descobertos, Starbucks. Bebia  moca, comia uma bolacha com recheio a mel e, tiro os olhos de "Rosa Brava", o livro que trago ultimamente na mala e leio no balcão da loja - dia internacional do café. A minha relação com o néctar, mais consumido no mundo (depois da água) não começou bem. Amargo, nunca compreendi o porquê dos portugueses renderem-se à bica, como se de ar precisassem para respirar. Cresci a ouvir conversas do estilo "eu bebo 9 cafés por dia", dito em tom brioso como um grande feito, por outro lado, juntava-se alguém só para contrariar revelando os malefícios do café. Teoria há muito caiu por terra.

Pesquisas já desenvolvidas, provam a acção estimulante sobre o sistema nervoso e, em doses moderadas – três a quatro cafés por dia - aumentam a atenção, a concentração e a memória de curto e médio prazo - poderão actuar na prevenção do cancro do cólon e recto, doença de Parkinson e de Alzheimer, apatia, depressão, obesidade infantil ou diabetes tipo II.



Se nos países latinos o café, faz sentido - curtinho e cheio de espuma cremosa no topo - noutros casos o expresso, é tão simplesmente uma expressão do universo romântico-boémio italiano, pelo que continuam a preferir enormes copos de água quente a saber a cafeína, ao que designam "café". Até há pouco tempo, antes da chegada das máquinas da Nespresso, consideradas pequenas obras de arte ( e convenhamos, o George Clooney também deu um valente empurrão), a celebrar-se o expresso como "lifestyle", o Christopher veio a Lisboa.  A primeira coisa que desejava, beber um café a acompanhar a refeição. Expliquei-lhe, essa não é prática em Portugal. Insistia no café, mas depois de muito lhe dizer que não faria sentido, pediu uma coca-cola, com a promessa de bica no final da refeição. Riu, riu tanto na minha cara, como era possível servirmos o café numa chávena daquele tamanho? Bebeu, e não teve opinião formada, mas continuava de olhos colados na chávena como se fosse peça de museu ou uma bizarria. No dia seguinte, Christopher, revelava-se viciado, 3 e 4, o rapaz amorfo, ficou com um "speed"que receei pelo seu bem estar.  Já em Inglaterra, lamentou (como nunca fizera) o miserável café que lhe serviam numa caneca enorme. O "chóninhas" sem vida, voltaria, ao que sempre foi e ao falarmos pelo telefone, arrastava um sotaque "british", mas sem brilho.


Se por um lado o café é transversal a todas as classes sociais, a sua vulgarização, deixou-me desde sempre de pé atrás. O típico convite "vamos beber um cafezinho?", ainda hoje me arrepia, mas após descobrir que o "néctar amargoso", servia de "motor" no meu dia a dia, aderi ao ritual e sou mais uma nas sondagens, consumidora activa de cafeína. Curiosamente, a Associação Industrial e Comercial do Café (AICC) confirma, Portugal em termos de consumo, está muito abaixo da média europeia.

Em  Itália, belas mulheres de maquilhagem carregada e acessórios arrojados, povoam as esplanadas, bebem o seu café expresso e riem a bandeiras despregadas, com o charme latino que as caracteriza, num estilo que reafirma a sua posição de mulheres cosmopolitas. Esta imagem ficou-me gravada nos anúncios que via nos 80s, sinónimo de mulheres activas e atractivas.


Mesmo que beba a minha bica às pressas num tasco rançoso, sempre sem adição de açucar, nada muda a minha opinião relativa ao sabor. Dias há que faço caretas enquanto o bebo, como se tratasse de um remédio, mas de alguma forma é o meu "happy pill" para mais um dia que se avizinha.  Não só pela cafeína que me transforma numa pessoa mais activa, fico também optimista e capaz de superar desafios. Depois há uns cafés que bebemos tranquilamente e nesses, no meio de todas as vantagens já designadas, ganho qualidade de vida, porque há a partilha de histórias na tal esplanada, onde se soltam gargalhadas ao vento. É esse espírito que muitas marcas de café exploram no marketing, arronjando na imagem, mais ou menos surrealista, mas sempre com uma chávena expresso por perto. A Lavazza, todos os anos aposta em belíssimos calendários, imagens inesperadas, fruto do trabalho de nomes tão relevantes como David LaChapelle. 


O Starbucks, a cadeias norte americana com lojas em todo o mundo e que há poucos anos chegou a Portugal, tem tudo para assegurar um estilo de vida citadino, mas o verdadeiro café, não diria. Os criadores da marca, pegaram numa forma de estar muito europeia, deram-lhe o toque especial, oferecendo bebidas com cafeína ( e um sem número de outros aditivos) para assim justificar o valor absurdo a cobrar por cada artigo. E naquele momento, mediante tanta variedade saborosa, sentimo-nos clientes mimados e queremos mostrá-lo ao mundo inteiro. Beber o verdadeiro café, o curtinho e forte, é antes de entrar no trabalho, para aquele impulso matinal que precisamos. No Starucks, apetece-nos ir pela cidade, o copo na mão e  ficamos com pinta de turistas no nosso próprio país. Como uma mala, o copo do Starbucks é um dos acessórios mais "trendy" da actualidade e não é por acaso que a Dsquared2 , levou-os para a Passerelle. As celebridades não o dispensam e o comum mortal, ao que parece, também não!

sábado, 14 de abril de 2012

I promise to love you ...

Aqui esta uma frase que toda gente gostaria de ouvir com frequência... As promessas são como as regras, feitas para serem quebradas... ou talvez não... Cada dia mais céptica, logo não propriamente a pessoa mais indicada para falar sobre o assunto, mas mesmo assim adoro uma boa comédia romântica.

A ultima que vi foi " The Vow" - «Prometo amar-te», conta a história de uma jovem que após um acidente de viação sofre uma lesão cerebral e apaga da sua memoria os últimos anos da sua vida, inclusive o seu casamento.
O cérebro e as suas particularidades, é ainda apesar de todos os avanços, uma floresta por desbravar. Porquê da amnésia parcial, qual o critério de selecção de memorias, momentos e emoções.
O filme mostra - nos  o poder das segundas oportunidades e quando amamos muito uma coisa ou alguém não desistimos e tentamos sempre vencer tudo e todos . Aceitamos a pessoa tal qual ela é ...

O jovem marido transtornado ao ver a sua esposa a olhar para ele como se de um estranho se tratasse, não deixa de amar - la e lutar por ela e de a aceitar tal como ela é ...
A escolha dos actores terá sido correcta, pois ambos estão como peixe na água, ambos já fizeram filmes baseados nas obras de Nicholas Sparks, como é o caso do «Dear John» o « The Notebook». A destacar no elenco secundário os actores Sam Neil e Jessica Lange...
Ficamos com uma lagriminha ao canto do olho mas cheios de esperança na vida e no Amor. E Mesmo que não corra como desejamos, são os obstáculos que encontramos que nos fazem mais fortes ...e nos levam a novos caminhos ....

 Como um dia um filosofo disse «What does not kill us makes us stronger » ou seja o que não nos mata fortalecemos ...

O amor não é isto...


É quase certo, Nicole Kidman, Grace Kelly no grande ecran, num filme de Oliver Dahan, produzido por Pierre-Ange Le Pogam e o guião é da responsabilidade de Arash Amel. O objectivo não passa por um filme biográfico, mas focar o  período de dezembro de 1961 a novembro de 1962. Na época, Grace Kelly, vencedora do Oscar e mãe de duas crianças, já era princesa há seis anos e foi convocada para ajudar Mónaco numa crise com a França. 

Princesa, é um reino dos sonhos para quase todas nós, mas tenho a sensação que não o é para mim. Note-se, a minha primeira paixão foi Stefanie, a filha rebelde de Grace Kelly, e diz-se à boca pequena ter sido a causadora do acidente que vitimou a mãe. Lá estava a capa de uma cassete de audio com a gira da Stefanie, e mal sabia que o estilo androgino seria efectivamente e desde tenra idade uma tendência na estética que me apela. Naquele instante, aos meus olhos, seria a mulher com mais estilo do mundo!

A miúda dava muitas dores de cabeça à mãe, parecia renegar a sua posição de elemento da família real, e os seus comportamentos dados à boémia. Modelo, fazia capa das grandes revistas, enchia os tablóides com a sua vida vibrante e até que se lembrou de ser cantora. Seria apenas mais uma no caldeirão do "euro-pop", como tantos outros pirosos dos anos 80, parcos em talentos mas com a imagem certa. Acrescia a Stefanie, a família real, mesmo que os seus devaneios artísticos não resultassem, muito dificilmente ficaria nas ruas da amargura. 


Só depois de conhecer Stefanie, cheguei a Grace Kelly, a história que fascinou o mundo inteiro. O conto de Fadas! Uma das mulheres mais bonitas de sempre, actriz reconhecida, vencedora de um Oscar pelo papel em «The Country Girl», considerada hoje uma das 50 actrizes mais importantes de sempre, e deixa tudo isso pelo trono. Eu nunca fui apreciadora de contos de Fadas, nem de histórias palacianas, e ainda agora me questiono como foi capaz de largar tudo pelo principe Rainier III, por quem não me parece ter havido propriamente amor, mas um deslumbramento pelo que representava. À altura o casamento mais mediático de sempre, a que iluminava o grande ecrã, seria princesa do Mónaco. 

Infelizmente a minha leitura, não me demove da ideia de que não foi o amor que a instigou na sua escolha, mas a ambição. Em Hollywood seria apenas mais uma loira bonita, cujas rugas roubariam graciosidade. No Mónaco, os anos conferiam-lhe uma importância, um peso e altivez de Raínha. Grace Kelly, mantem-se como uma figura imaculada, mas eu continuo a preferir Stefanie, a doidivanas, a mulher que dá cabeçadas, tropeça, tem romances falhados ou filhos de pais diferentes, em busca do amor verdadeiro.