quarta-feira, 9 de maio de 2012

Vai de Retro ou Vintage?


Comprar em segunda em mão, continua a ser visto com uma certa repugnância pelos portugueses. Numa teoria de "alguidar" diria tudo isso dever-se a um historial, ainda demasiado presente, de pobreza franciscana, levando-nos a um frenesim do consumo esbaforido, compensando, assim, as faltas de outros tempos. 

Há uns bons anos atrás, em Londres, deparei-me com lojas em segunda mão. Tantas, em locais centrais da cidade, e por lá, viam-se todo o tipo de pessoas, sem qualquer preconceito, apreciando o que chamamos de peças "Vintage". A loja «A Outra Face da Lua» em Lisboa viria a mudar um pouco esse mentalidade redutora, só o "desgraçadinho" compra em segunda mão, quando muitas vezes o prazer de percorrer estes espaços, é encontrar precisamente peças raras, antigas e que imprimam ao guarda-fatos um traço pessoal. Nem todas querem ser bonequinhas "made in Zara"!

É no entanto, importante definir duas diferenças essenciais; vintage e retro, os especialistas dizem que os conceitos muitas vezes se confundem, mas são coisas diferentes.

Vintage é mais do que usar determinada peça, mas todo um "lifestyle". Usam-se trajes, desde os anos 20, até aos anos 60. Alguns estilistas atribuem o termo ao que se fez nos anos 80 e 90. Recuperam-se peças antigas, isso é vintage, sem dúvida. Se por outro lado, do novo se faz velho criando uma aparência antiga, isso é Retro. Concluímos, as lojas que encontramos nos centros comerciais estão cheias de roupa com tendência Retro. Porém, quem verdadeiramente vive num universo Vintage, percorrerá as lojas de todo o mundo, procurando roupas não só datadas e que se mantenham impecáveis, e pelas quais pagam verdadeiros balúrdios.

O exemplo mais mediático de estilo retro/vintage, Amy Winehouse, mas prefiro a bela Dita Von Teese, inteligente, pioneira no uso de peças antigas, lembrando Divas de Hollywood do cinema dos anos 40.  Em torno dessa  imagem, segundo confessa é também o seu "lifestyle", começou por apresentar espectáculos de Burlesco.


Heather Renée Sweet, o verdadeiro nome de Dita Von Teese, a mulher que recuperou um espectáculo de nudez,  com beleza, subtileza, classe e muito bom gosto. O Burlesco, a arte do bem despir,  terá caído nas ruas da amargura quando tudo se vulgarizou nos anos 60/70 e as "gajas descascadas". Caminhávamos para a sociedade do "aqui e agora" e não faria sentido pagar uma hora de espectáculo para observar uma mulher despir-se ao ritmo de um caracol. Porque alguns de nós estão cansados da vulgaridade e gratuitidade, Dita Von Teese surge nos anos 90 para recuperar uma arte perdida, shows de Burlesco. Fê-lo tão bem, singrou ainda como modelo, actriz, e embora não tenha sorte aos amores, os negócios correm-lhe de feição.

O seu número mais conhecido, vê-la dentro de um copo de Martini gigante, sorrindo, marota, ao público. Musa de muitos estilistas, é certo que usará muitas peças retro, mas é claramente uma mulher que vive numa outra realidade, algo Vintage. Donzelas parecem frágeis como cristal, mas por dentro, uma vontade de ferro, lembram esses senhores machistas, que não...isto não é um mundo de homens e as mulheres não servem apenas para o embelezar!

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