...transformaria completamente o conservadorismo no que aos penteados femininos diz respeito. Descrito como o homem que mudou o mundo com um par de tesouras, Vidal Sasson, o mais famoso cabeleireiro deixou-nos com 82 anos, causas naturais. Interessante, no meu imaginário de "gaiata" houve nomes que se fixaram à minha memória como pastilha elástica atirada por um desconhecido, ao cabelo de alguém numa sala de cinema escura. Posso citar: Pierre Cardin, Gloria Vanderbilt e Vidal Sassoon. Talvez se explique pelos anúncios na TV, passavam com frequência, quem sabe a minha mãe usasse o perfume do cisne da Sra. Vaderbilt e uma coisa é certa, tinha um fio Pierre Cardin, que eu perdia horas a observar pelo logotipo e a forma engenhosa como o "P" e o "C" encaixavam tão bem numa só peça.
Adoro cabelos curtos, e quando uma mulher é de feições bonitas, só irá valorizar o rosto. Deixem os cabelos longos para as menos abonadas pela beleza e os machos que se regozijem com os cabelos esvoaçantes. Em criança, forçada ao penteado "tigela", estaria longe de imaginar, o nome técnico "Bob" e era o último grito da moda. Na altura não fiquei nada feliz, a gordinha com óculos de massa e penteado à "frade", fotografada num estúdio profissional, para a posteridade. Já com vinte e tal anos, apaixonei-me pelas formas geométricas e simples criadas por Vidal Sassoon nos anos 60 e que levaria muitas estrelas a arrojar no penteado. Por cá, até Amália Rodrigues, arriscou uma naifada tal, alvo de muitas críticas. A Diva do Fado respondeu, se as pessoas gostarem de mim pelo meu corte de cabelo e não pela música, é muito mal sinal.
Nascido em Inglaterra, de origem judia, pertencia a uma família muito pobre e foi levado para um orfanato até aos sete anos de idade. Aos 14 anos quis o destino que começasse a aprender a lidar com cabelos, e imediatamente se transformou numa paixão. Confessa, o seu grande mentor Raymond Bessone do salão Mayfair, local que lhe deu a oportunidade de experimentar as várias técnicas, até chegar ao que seria o seu estilo particular. Vidal Sassoon abriria o primeiro salão em 1954, Londres. Dez anos mais tarde surge o corte que o definiria como o mais inovador cabeleireiro de sempre, "Bob". Curto, geométrico, praticamente livre de laca, e pela primeira vez as mulheres saiam dos salões de cabelos soltos, lisos e com brilho natural.
Mia Farrow não hesitou num corte radical, curtinho, ao que se poderá chamar "à escovinha", realçando-lhe os traços faciais e acima de tudo, um estilo prático para a mulher moderna que se emancipava por essa altura. Nos anos 80, Sassoon, especializou-se em Shapôos e amaciadores e o icónico slogan «if you don't look good, we don't look good» ficaria no ouvido. Aproveitou ainda para espalhar os seus salões por vários países, até 2003, decidiu dissociar-se da sua própria marca por questões legais.
Sassoon morreu hoje, na sua casa em Los Angeles, mas para quem quiser saber um pouco mais do hairdresser, foi realizado um filme/documentário em 2010 e relata a importância / influência desta personalidade para os que têm a mesma paixão por cabelos...cabeleireiros ou não!
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