Quando se gere um negócio de artigos em segunda mão, perde-se em parte, um dos grandes prazeres desta vida, fazer compras. O foco circunda em torno das minhas capacidades como "vendedeira", usando o meu próprio corpo como "modelo carne e osso" para melhor promover o producto. Ganha-se por isso um novo gosto, a reutilização. E a máxima " do velho se faz novo" deixa de ser apenas uma frase batida, para ser mesmo sentida na pele, afinal, é com brio que uso algumas das peças que pretendo vender.
Nunca foi tarefa fácil, andar por um centro comercial, sem trazer nem que fosse um trapo. Hoje, passeio, pelos shoppings praticamente imune às promoções ou aos modelos que apresentam como "o último grito da moda", porque nada bate os preços da nossa loja virtual "A Crise Não Mora Aqui" e em termos de diversidade, também, não estamos nada mal. Porém, a semana passada, uma "bicheza" qualquer apossou-se de mim, ou talvez fossem os "polens" da Primavera, e a minha sede de consumo regressou.
A pensar na nova estação, não resisti aos sapatos (que fogem um pouco à tendência), completamente eléctricos verdes/roxos, da New Yorker, sandálias de salto alto, a fazer lembrar as que se usam nas danças de salão. Uma vez que este Verão as sabrinas amorosas, "girlie" com folhos ou laçarotes, serão rainhas e senhoras, queria para mim, algo ligeiramente "kitsch".
E porque o dia era para a desgraça, passei pela Hussel e trouxe um magnífico sapato vintage em chocolate, supostamente para decoração. Alguém riu na minha cara, num dia de neura, desfaria o sapato em "fanicos" e assim foi no fim de semana seguinte, entedeada, a ver televisão. O chupa gigante, esse também teria os minutos contados, nessa mesma noite limpei-o em meia hora, mordendo ferozmente enquanto vibrava com os crimes do canal "Zone Reality".
No fim das contas, um maxilar dorido, a consciência pesada e a pergunta que qualquer "shopaholic" deve fazer-se antes de comprar qualquer coisa, (mas que por conveniência) fiz depois do "crime" cometido "Eu precisava mesmo ter comprado tudo isto?". Não precisava, mas um dia não são dias, e sair da linha de quando em vez ou permitir-me um pouco de tudo, leva-me ao estado de infantilidade suprema; a criança feliz numa casa de doces.
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