sábado, 31 de março de 2012

What about trendy talk !!!

Bem, após alguns textos sobre mulheres e cinema, decidi fazer algo diferente que elucide um pouco do dialecto trendy; o que é Boho, rockabilly ou colour block? Pois, após este breve texto ficaremos a saber um pouquito mais... mas nada que faça de nós consultoras de moda da Vogue!


Proposta - Nem decente nem indecente, é mesmo a colecção de um estilista o que ele aposta para aquela estação.

Rockbilly - Basicamente é a tendência anos 50. Poupas, cabelos curtos, blusões de couro ...

Mix and Mach - Numa só palavra misturar, bolas e riscas, moderno e clássico ...

Carry on -  Peça que é um enorme êxito e assim continua nas futuras colecções com pequenos updates de cores e materiais...

Pre -Fall - Podemos designar como colecções intermédias ou seja pequenas antecipações das grandes, como por exemplo um Pré - fall do Outono em Janeiro . Tem como finalidade satisfazer o apetite dos amantes da moda.

Cruise - Como o nome poderá indicar  algo relacionado com o mar, cruzeiros ...São protagonistas; os vestidinhos, fatos de banho ou calças leves. Remonta aos tempos de Chanel, quando o seu público alvo eram as famílias que passavam o Natal nas Ilhas Seychelles. Mais tarde essas peças integraram o  Prêt-à-porter topo de gama.

Colour block - São peças de cores vivas ou que as sobrepõem como são exemplo umas calças laranja. um casaco azul eléctrico ou mesmo um top verde limão.

Crono - Cápsula -  Colecção curta e original  feita especialmente para uma ocasião como são exemplos as Black Carpet ou as Sesson Ball...

Boho - Abreviatura de Bohemian, herança Hippies mas que se associa também ao beatnik mas numa forma mais lavadinha e moderna ... Os experts vêem em Sienna Miler, o seu melhor exemplo ...

quinta-feira, 29 de março de 2012

Trendy on Orient Express

Desde pequena que sou uma grande admiradora de romances policiais, em especial, Agatha Christie. Lembro de levantar-me cedo para ver os episódios do «Poirot». E assim  seria normal  descobrir a mulher por detrás da escritora e dos seus personagens. O que teria motivado tais personagens e donde saiu tanta imaginação... Bem, a resposta é bastante simples! A solidão da sua infância proporcionou os primeiros enredos, refugiando-se na companhia de gatinhos e outros animais.
A sua educação feita em casa junto dos pais, avós, e mais tarde com preceptoras. Lamenta não ter frequentado a escola, mas no outono da sua vida  reconhece saber mais de Arqueologia, História do que qualquer um que a tenha frequentado. O segundo marido, o arqueólogo Max Mallowan, contribui em grande parte para tal.

Uma vida deveras recheada, nunca se viu uma grande escritora nem sequer gostava de todo o aparato que com os anos se desenvolveu à sua volta, chegando a ser condecorada pela Rainha Isabel II. Curiosa, aventureira, algo tímida, introvertida mas versátil, desafiava as convenções da época; comprando o seu primeiro carro, ou na vida pessoal e um segundo casamento, sobretudo com um homem bastante mais novo.

As viagens pelo mundo inteiro, a experiência como enfermeira, a sua estadia na farmácia do Hospital, as escavações arqueológicas.... Tudo isso pode ser visto na sua obra assim como as pessoas que foi conhecendo, serviram de base para a construção parcial das personagens. As suas obras mais famosas como "O crime no Expresso do Oriente " foi escrito após o divórcio, e "O Misterioso Caso de Styles " sugerido pelo cunhado.

Devota admiradora de Arthur Conan Dolye, o criador de Sherlock Holmes, tanto que as suas personagens tem sempre um companheiro de aventuras, um "Watson Christiano". Poirot tem o Hastings e o Capitão Japp, e assim acontece com Miss Marple. Chegou a ver as suas obras a serem adaptadas ao Teatro, Cinema e Televisão mas nenhum actor é mais fiel à sua mitica personagem do dective belga como o actor David Suchet, mas que a Rainha do Crime nao chegaria a presenciar.

E agora perguntamos o que tem Agatha Christie a ver com o ser Trendy ?
Bem, tudo e nada ao mesmo tempo! A moda é intemporal, basta encontrarmos o nosso estilo e combinarmos com a nossa maneira de ser e estar na vida, e ai somos Mulheres Trendy hoje, ontem e amanha ...

Podemos ter como inspiração hoje a Madonna, amanhã Audrey e ontem, Jane Birkin...

quarta-feira, 28 de março de 2012

«Candy» by Prada...





É doce, primaveril, feminino e a minha última excentricidade «Prada - Candy», com 20 por cento a descontar no cartão cliente da Sephora. Faz toda a diferença numa fragrância que não se compra por menos de 70 euros! Tarefa árdua, a escolha de um novo perfume, alguns são certeiros e nem vale a pena andar às voltas;  «Cool Water» Davioff - «Marine Groove Woman» Escada - «Hippy Fizz» Moschino. Não sou de ligar a marcas, mas se falamos em perfumes, a conversa é outra. Nunca vesti Prada (talvez nunca venha a acontecer) e, na série da minha eleição «O Sexo e a Cidade» usava-se a referencia a esta "grife" como tantas outras, até à exaustão. E para mulheres com poder de compra e que sabem o que querem, é perfeito que tenham os seus estilistas favoritos para vestir. Creio que Miuccia Prada partindo de ideologia de esquerda, ex-filiada inclusive no Partido Comunista Italiano, concordaria que há falta de dinheiro para se vestir uma grande marca, em nada melindraria o estilo de uma mulher cosmopolita, caso escolhesse para a indumentária as  peças acertadas de uma qualquer etiqueta "rafeira".

Mário Prada, um artesão, fundou a marca em 1913, mas a jovem neta Miuccia cheia de sangue na guelra, ainda com o espírito revolucionário dos movimentos estudantis em que participou, quis fazer da marca Prada, o oposto do conterrâneo Versage. Imprimiu a mulher bem informada, inteligente, inovadora e ousada. O que estaria fadado para um negócio de malas de viagem e artigos de couro, nos anos 70 com a entrada de Miuccia, deu o salto de gigante com a diversificação na oferta; sapatos,  prêt à porter masculino e feminino, óculos, lingerie e cosméticos.


Leio no Wikipédia, a Sra. Prada em 2001, foi classificada entre as 400 pessoas mais ricas pela revista Forbes e o Wall Street Journal incluiu-a entre as 30 mulheres mais poderosas da Europa.Nunca tive tais ambições, mas gostava de ter um só "nadinha" de jeito para o empreendedorismo, porque é nele que está o futuro da minha geração. Porém, uma só certeza me assola, de Prada, um dia ficará nada, um frasco vazio. Definitivamente não é dos aromas mais apaixonantes que experimentei, mas reservo a admiração pela que foi o motor das  mais importantes casas de moda italianas, Miuccia teve no tempo certo, atitude e arrojo. «Candy» talvez seja demasiado doce para quem não tenha a característica inata de agarrar a vida com pulso de ferro. Bem pelo contrário, embala-me no meu mundo encantado, de príncipes e fadas, uma vez de regresso ao convívio bafiento com os demais, há que saber com nada, chegar a Prada. Eu não tenho o segredo para tal, mas uma coisa garanto, não é a usar «Candy» que ganhamos ímpeto para lá chegar!

segunda-feira, 26 de março de 2012

«MDNA» DAY!


Hoje é dia «MDNA» porque nada me impediria de comprar o novo CD do meu ídolo incontestável, Madonna. Electrónica pura, tão bem produzido que um disco destes merece ser ouvido alto e bom som, com William Orbitt uma vez mais, a mostrar porque é um dos mais conceituados do género. A caminho de casa, com o carro a pulsar por todo o lado, «Girl Gone Wild», não fica bem à minha reputação, pior só mesmo a faixa «Gang Bang» escrita com «Mika», ela mata o amante, e sim, há armas de fogo, palavras rudes, uma miúda sem pudor e uma mota em fuga. Uma vez mais, num bairro pequeno, onde um boato depressa se torna numa verdade absoluta, não é aconselhável ser apanhada em público a ouvir canções tão viscerais. 


Madonna tão presente na nossa vida, nomeadamente nos últimos anos com digressões sucessivas e exaustivas, pergunto-me; não estará a queimar os últimos cartuchos para num destes dias deixar de vez os palcos? Pela primeira vez em Portugal, não pude faltar naquele Pavilhão Atlântico à pinha, o espectáculo era retrospectivo e dizia-se que Madonna talvez pensasse calçar as pantufas e limitar-se a gerir a sua fortuna da poltrona do salão de chá, coberta de quadros de célebres pintores, excentricidade a que se permite, aquela que poucos sabem ser na verdade, "forreta". 


Dizer de Madonna uma segunda mãe, o maior disparate, mas como a minha é absolutamente insubstituível, e no campo das possibilidades não vejo outra mulher tomar o pulso à vida como "a minha mãe", observo desde sempre Madonna ícone, o meu ídolo e uma "impossible mom", com a mesma idade e signo da minha progenitora, portanto, dois ossos duros de roer.

Desde que tenho poder de compra, se há um novo CD/DVD de Madonna, eu vou a correr comprar. Deve ser das poucas artistas, faço questão de não "piratear", tenho absoluto prazer em ouvi-la em formato disco, absorver as letras, tantas vezes "pop" desinteressante, outras surpreendentemente profundas, à laia de "isto é divertido, mas pode levar-te a algum lado". A primeira que assimilei, roí-me por dentro e matutei durante meses, num trabalho cuja capa claramente sexual, assim como o título «Erotic», Madonna dizia sobre a discriminação «ignorance is not bliss», no tema «In This Life» e um registo simples e sem o "folclore" da electrónica. No entanto, fala-nos da sua capacidade de sobrevivência enquanto nos eleva num passo de dança ligeiro  em «BedTime Stories» e o tema «Survival». 


Madonna contou um dia que decidiu pela vida artística, não porque fosse uma cantora ou bailarina extraordinárias, mas porque tinha algo para dizer. É facto, nem sempre concordo com o que diz, com os seus pares musicais como aconteceu em «Hard Candy» um disco que considero deplorável, mas comprei-o, como o faria num CD apenas com faixas de gargarejos da "rainha da pop". O Spotinguista ama o seu clube, perca ou ganhe, eu amo Madonna faça ou não músicas como deve ser. E vou mais longe, sem a parafernália electrónica, a fragilidade e debilidade da voz são tão evidentes que chega a doer o coração e dizem os entendidos que o coração não doí. 



Numa experiência acústica para o MTV, Madonna com boina à Ché Guevara, promovia «American Life» e armava-se em "story teller" e lá diria o povo "não dava a bota para a perdigota" e nem a viola em punho disfarçava a falta de jeito para lidar com o público, na sua verdadeira essência, na intimidade. É claro, desforrou-se com o dançante «Confessions on a Dancefloor», todos amaram o disco, menos o marido à altura, o pedante Guy (curioso nome para um homofóbico) Ritchie. A relação já não andava famosa, Madonna formosíssima recria o espírito do "disco sound" dos 70s e o mundo explodiu numa bolha de purpurinas, foi a loucura nas pistas de dança, quem sabe desde «Vogue».


É no entanto de louvar a tentativa em trilhar outros caminhos, nunca se sabe, quando não houver força nas canetas pode ser,  que pela altura a já «material grand-mom», desenvolva a capacidade de se despir dos artifícios do show-bizz, mostrar uma canção na sua essência, despedir os bailarios, e mostrar-se sem rede a um público que amará sempre, Madonna, com todas as fraquezas e riquezas que caracterizam uma das notáveis do século XX/XXI.

sábado, 24 de março de 2012

A eterna turista...


Gosto olhar as duas ou três cidades que atravesso, diariamente, com olhos de turista. Não o faço só aos Domingos; ao género "passeio dos tristes", ou envergando um fato de treino igual ao do meu parceiro para entupir  os hiper-mercados, aliás, nesses dias talvez prefira o refúgio do lar. Por exemplo, descobri, é possível fazer pipocas em menos de 5 minutos. O meu plasma também me proporciona uma boa experiência de cinema em casa. E há até tempo para ouvir aqueles discos de vinil antigos enquanto o "rabiosque" se vai afundando no "pufe" e um monte de pensamentos vãos se apoderam da mente, até que chegou o momento de virar o disco para o lado B. 

Há quem critique toda a minha ligeireza no viver e por coincidentemente gostar de sapatos e escrever umas coisas para uma certa imprensa "alternadeira", já ouvi "bocas foleiras" do estilo "deves achar que estás em N.Y. e és a Carry Brashsaw lisboeta", mas não sou, e jamais escolheria o Mr. Big para o meu par, sempre fui pró-Aidan..."if you know what I mean". 

Mas gosto de tempo de qualidade, sozinha ou acompanhada, sempre em grande estilo, isso ninguém duvide.E o grande estilo, não tem de ser coberta de ouro ou das marcas mais refinadas, mas acima de tudo confortável, sob todos os aspectos possíveis e imaginários. Ter estilo não é mais que isso, estar confortável, com um simples saco de pano ou uma mala Louis Vitton, e aqui, fica apenas a minha leitura de estilo, susceptível de ser contestável ferozmente e com algum derramamento de sangue.

A Laura precisava de um passeio trivial, aparentemente, pouco edificante, se pensarmos na partilha do calor humano com indivíduos, que porventura,  fogem mais da água que o meu gato Benjamin. Na perspectiva certa, atravessar a ponte do Tejo no comboio da Fertagus, pode ser altamente inspirador. O Sol bateu nas vidraças e quase nos cegou, até que entrámos no túnel e nos preparámos para as profundezas do burgo, primeiro Pragal, depois Corroios, o destino, Costa de Caparica. No Verão há quem se debata, a gosto, com horas de trânsito para chegar àquelas praias, mas entre a época baixa, é com prazer que visito aquelas paragens tão desertas. Sentámo-nos numa pequena esplanada, devidamente agrimada do frio, pedimos dois "graufres", porque sou mais "lambona", acrescentei duas bolas de gelado, a Laura pediu simples. Um grupo de miúdos jogava a bola contra uma porta de ferro, num estardalhaço monumental, lembrando-me onde estava realmente. Porque há que reter o de bom de cada situação, o lema é, quem está mal muda-se, e eu, uma vez mais lá fui para outros destinos em grande estilo, apreciando, a passo lento, um local que já tantas vezes vi, e que novamente captei numa "mental picture" como se fosse a primeira vez.

Relógio - Swatch
Pulseira - Bolas, Maria

sexta-feira, 23 de março de 2012

Prisão de Afectos ...


As piores prisões são as que se encontram dentro de nós e não as que pensamos impostas pelos outros ... uma das premissas do novo filme de Margarida Gil, «Paixão». Surpreendente, é diferente de tantos outros; Simbólico, poético, romântico, reflecte a extrema tristeza e solidão em plena cidade, ou o desespero por companhia. Um historial de luto familiar leva a um acto desesperante, o rapto de um jovem.

«Paixão» não deixa os créditos alheios na fotografia e cenografia, que muito contribui para a compreensão do argumento, num enredo que se desenvolve lentamente com espaço para os personagens respirarem. São teatrais, na postura ou nos diálogos, distanciando-o de outras películas. Destaque, produção do notável Paulo Branco, figura carismática do Cinema Português.

Uma cantora lírica rapta um jovem, numa noite  de sexo fortuito, no místico Bairro Alto. O espaço é sempre o mesmo, um quarto coberto de humidade, porém, o relacionamento entre o raptor e raptado passa por várias fases: revolta, desprezo, raiva e inesperadamente, suscita amor, pena, carência, dependência e solidariedade. A dependência emocional, lembra casos clínicos como Síndrome de Estocolmo, a vitima apaixona-se pelo raptor. Afinal quem está realmente preso? 

Em «Paixão» os papeis invertem-se e o jovem consegue, finalmente, libertar-se. Não consegue, porém, manter-se ausente por muito tempo, e as regras do "jogo" ficam ao contrário, e agora é a cantora a presa, deixando-se dominar, revelando que toda a força demonstrada até ao momento, era apenas forma de camuflar a fragilidade de uma mulher que perdera todos os motivos para viver. 

O final, ambíguo; qual o futuro deste casal improvável?  Encondem-se na casa em ruínas, local da acção, e de seguida há uma derrocada. Desfecho poético, numa sociedade que perdeu o romantismo e a crença no que realmente importa. O primado do Exterior em detrimento do interior.

quinta-feira, 22 de março de 2012

A Minha Prima Vera


A minha prima, deixava os edifícios cor de tijolos de Inglaterra, e por volta da Primavera regressava ao Portugal dos pequeninos. Tratada como uma estrela, comportava-se como elemento da realeza, sabia todas as atenções viradas para a miúda que trazia, as últimas da música, moda e até doçaria, lembro-me, dar-me a conhecer "marshmallows" ou pastilha elástica em bisnaga. Um harém de putos juntava-se em seu redor, delirando com os objectos que trazia,  o estilo invulgar e sotaque "inglesado". A prima aproveitava, claro, para vangloriar-se da Londres, totalmente desconhecida aos nossos olhos, acrescentava, usar uma crista verde no cabelo ou roupa segura por alfinetes de ama são coisas muito "fixes". Espantou-nos a todos quando revelou a tradução de "fish", palavra que usávamos em troco de nada, queria dizer, peixe. Em vez disso, deveríamos dizer "cool". Ora falava a especialista, já meio irritada, eu dizia "fixe" só porque sim.

Se na bagagem trazia discos de Bowie, Talking Heads ou New Order, às escondidas dos pais puxava de um cigarro e começava a ler NME (New Musical Express) ,em inglês, todos nós sentimo-nos uns "calhaus com olhos", para além de não compreendermos a língua, o máximo que chegava a Portugal, era a Bravo em alemão, e limitavamo-nos aos recortes para colar nos livros e cadernos. A prima tratava a revista como uma autêntica bíblia e na altura era a mais conceituada em música do reino unido. Os seus pais por outro lado, traziam no porta luvas do Fiat 127, cassetes do José Malhoa " 24 Rosas" ou Linda de Suza "Mala de Cartão". Em Londres viviam com os tostões contados, mas em Lisboa, faziam questão de abrir os cordões à bolsa e, a cada ano que passava, traziam dinheiro fresco para entregar nas mãos de um empreiteiro de confiança, para melhoramentos a fundo na casa que herdaram, numa bizarra história de partilhas familiares.

A prima era definitivamente uma tipa cheia de pinta e de carácter forte. Tão determinada, aos 18 anos decidiu trocar a urbaniade de Londres, por um país ainda a gatinhar sob uma recém descoberta democracia. Quis viver connosco, em vez de ocupar a casa de família. Trouxe os seus discos, as roupas arrojadas, alguns livros e uma bicicleta altamente inovadora com dois lugares. Naquele momento, percebi que perdera os meus amigos para a minha prima, que vinha para ficar, com aquela extraordinária bicicleta. Todos queriam andar, faziam-se filas, às vezes iam aos 3 e 4 em cada rodada, e eu assistia da minha varanda, ciumenta, ouvindo o disco da Samantha Fox "Touch Me". Queria tanto que me traduzisse aquela letra, mas o meu orgulho levou a melhor e nunca cheguei a fazer-lhe o pedido. A instável prima, após cansar-se dos putos da rua, desapareceu. A minha grande preocupação, o que raio quereria dizer "touch me"? Os meus pais raladíssimos, a prima delirante, afinal já era maior de idade e deixou uma carta a agradecer a estadia. No meu quarto, um bilhetinho com a tradução integral de "Touch Me" da "Raposa Peituda" e um Ps - a bicicleta é tua.

Só passados dez anos, a reencontrei, e pela altura da primavera, já casada com um escocês com jeito de quem gostava de fumar uns "charutos" para rir. Conheceram-se no Algarve, para onde foi, depois de deixar a casa dos meus pais. Regressaram a Londres e por lá se fixaram. Mas não há primavera como esta, e todos os anos regressam a Portugal. Propositalmente, a prima deixa esquecida uma peça sua em minha casa, como se tratasse de um presente de Natal, mas que chega com o sol da Primavera. É para mim, por isso, a Prima Vera, a que se chama Carolina, e que este ano deixou perdidos uns ténis brancos Le Coq Sportif



Os meus ténis brancos - Le Coq Sportif

quarta-feira, 21 de março de 2012

Dia Internacional da Poesia

 
Os poetas, os que o são de facto e os que gostam de se armar ao "pingarelho" com rimas previsíveis, irritam-me. Nem sempre foi assim, houve uma altura, adolescência talvez, consumia poesia quando deveria estar na rua a brincar com os putos ao "bate pé" ou à "cabra cega". Como qualquer poeta, eu tinha a minha própria obsessão pela morte, e escrevia sobre o assunto; entre aulas enfastiantes de matemática, a paragem do autocarro e a intimidade do meu quarto. Antecipava a morte como o fim de todos os meus males, afinal, naquela idade qualquer problemas parece o fim do mundo. Até ao dia que, praticamente vi a morte diante dos meus olhos, 18 anos de idade, pensei, não posso morrer virgem. E desde essa altura, abomino a poesia e os poetas pelo cariz neurótico e depressivo. Aliás, encontrei um documento em PDF, publicado no Portal dos Psicólogos, que fundamentados na respectiva obra, consideram a hipótese de Florbela Espanca sofrer de uma depressão crónica, não diagnosticada à altura. Porque também tenho um quê depressivo (mas aprendi a lidar com isso numa perspectiva positiva e da forma menos auto-destrutiva possível), continuo a gostar das palavras, tantas vezes acertadas da poetisa. Diria numa das últimas entradas do seu diário «Está escrito que hei-de ser sempre a mesma eterna isolada...porquê?». É tal a identificação, embora a maior parte das vezes até aprecie esse isolamente como forma de distanciamento do que me cheira mal, atrevi-me hoje à tarde aos microfones da Rádio Amália ler um trecho do livro «Contos e Diário». Desconfio ter caído no ridículo, não sou a Maria Barroso para ousar declamar o que seja, mas noto em meu redor todos sem esperança e estas palavras, e creio que as palavras podem mudar o mundo, toquem o coração de alguém, ao ponto de arregaçar as mangas e fazer-se à vida.


«Viver não é parar: é continuamente renascer. As cinzas não aquecem; as águas estagnadas cheiram mal. Bela! Bela! não vale recordar o passado! O que tu foste, só tu sabes: uma corajosa rapariga, sempre sincera para consigo mesma. E consola-te que esse pouco já é muita coisa»

Na maior parte das vezes o poeta está tão concentrado a pensar, a passar esse emaranhado de palavras floreadas para o papel, empenhado depois em rasgá-lo num acto de fúria porque aquilo lhe parece uma autêntica borrada, e esquece-se do mais importante, viver.

No filme «Bright Star», protagonizado magistralmente por Ben Whishaw (antes dera cartas na adaptação de «Perfume») conta a história do poeta inglês John Keats, nada a ver com a nossa Florbela. Keats era praticamente celibatário, vivia das paixões platónicas e era tão desafortunado, não tinha literalmente, onde cair morto. É um filme que aconselho pela história do poeta e um amor, naturalmente, platónico, por Fanny uma vizinha. Há contenção e arrebatamento em cenas elegantes, não fosse a realizadora, uma mulher dada a detalhes, Jane Campion, e conhecedora dos enredos de época, como aconteceu no oscarizado «Piano». 


Hoje, sabemos quase tudo pode ser comprado, por isso, ter um cavalheiro a oferecer-nos simplesmente um poema, talvez seja das maiores fortunas para uma miúda gira, cabelos ao vento, saia curta e havaianas, acabada de chegar da praia. É irónico, mas por falar em fortunas a amada de Keats, Fanny, depois deste ter "batido a bota" com pouco mais de 20 anos, vendeu os poemas e cartas que lhe enviara com tanta dedicação, incluindo-se claro, «Bright Star», o mais famoso poema e que Keats escrevera pelo arrebatamento à formosa vizinha. Se me encontrasse com ela, dir-lhe-ia "Senhora Fanny, não foi bonito, então e o amor?" Talvez me dissesse, que tinha o bife para pôr na mesa e a poesia, só por si, nunca chegou para saldar contas. E eu compreendo, não há o que pague o facto de saber que não devemos nada a ninguém. E assim caminhamos de pés descalços, naquele jardim florido, é tal o azar e pisamos  "cócó" de cão, disparamos um impropério e ecoa pelo arvoredo, assim como a nosso gargalhada, porque a vida só pode ser bela com estas pequenas "merdas". 


As palavras que Keats escreveu à mulher que amou doentiamente, no papel, Fanny, terá guardado certamente no sitio mais importante de todos.  E creio que na hora da morte, a velhota senhora veria - imagens em catadupa numa retrospectiva quase cinéfila das suas vivência a fugirem-lhe diante os olhos - lá estaria John Keats, não só a memória, mas todas as sensações provocadas pelas palavras tocantes e que as sentiu na pele com se das mãos do poeta se tratassem. Diria a nossa Florbela, acertadamente, sobre o que é realmente importante nesta vida «...Se um dia hei-de ser pó, cinza e nada, que seja a noite a minha alvorada. Que me saiba perder...para me encontrar...»

terça-feira, 20 de março de 2012

A propósito de Florbela ...

Fomos ver há dias o filme sobre a adaptação livre da poetisa, Florbela Espanca. Espectacularmente bem realizado, com uma fotografia magnífica e que acompanhava a definição do tempo presente, do tempo onírico e a revelação dos desequilíbrios emocionais da protagonista, assim como do prenúncio da morte do irmão Apeles, numa elegante queda de neve sobre a poetisa deitada na cama.

O elenco encontra-se à vontade com as personagens, dando-lhe corpo, alma e charme dramático das vivências e contradições das mesmas. O contexto dos loucos anos 20 é elegante, nos cenários exteriores com a adaptação das ruas à época ou nos interiores e, especialmente no guarda roupa.

Ficamos a saber um pouco mais sobre a vida desta poetisa alentejana, sobretudo a faceta moderna, um tanto libertina do que teríamos imaginado. Vemo-la incompreendida, insatisfeita, presa aos cânones de um Portugal a entrar numa longa noite escura, a  Ditadura. De atribulada vida afectiva, penitenciando-se com um quotidiano caseiro e tão típica de uma mulher tradicional à época, quer na verdade regressar ao social, livre de prisões e reprimendas. A esta revolta, incompreensão é vista na relação de cumplicidade-atracção com seu querido e amado irmão, Apeles. Uma paixão proibida que queimava os pensamentos mais recondidos das personagens, ultrapassando assim os limites da ética e moral. A dor da perda do seu estimado irmão, é reflexo na poesia povoada de pensamento sobre a Morte, o luto e os próprios mortos. Psicologicamente, Florbela degrada-se dia a dia, com desvarios e tentativas de suicídio.

Magnificamente poético, mágico e simbólico, «Florbela», revela o talento, acompanhado pela dor, incompreensão, revolta e clausura de liberdades.  Toda a loucura retratada nesta película de Vicente Alves do Ó, está devidamente contextualizada nos anos 20, mas em há uma ténue linha que nos separa daqueles tempos aos que hoje vivemos em pleno século XXI. E muitos de nós, hoje, se irão rever nas permanentes contradições de uma poetisa que, como qualquer génio, só é devidamente reconhecido depois de morto.

Me, Poncho and I


Só recentemente me rendi ao Poncho, vestimenta tradicional da América do Sul. Conheço-me há demasiados anos de génese gordinha, é indubitavelmente uma peça que poderá transformar uma miúda roliça num autêntico saco de batatas. Fugia da peça como o diabo da cruz e, não fosse o diabo tecê-las,  nunca lhe quis saber o nome. Lá por casa, chamavam-no de "casacos de vestir pela cabeça" e surge pela primeira vez no início dos anos 90 em "pendant" com terríveis permanentes.  

Os Ponchos, uma espécie de cobertor improvisado, terão salvo a vida a muitos de morrer congelados. Há uns anos atrás os Ponchos salvaram, Martha Stweart, a dona de casa favorita dos norte-americanos de uma severa depressão. A loira de boas maneiras via o sol nascer aos quadradinhos  de agulhas em punho,  incitada pelas outras prisioneiras. E para que o diabo não urdisse uma teia de psicoses, tricotou que nem uma maníaca e entre as companheiras teria a alcunha de "unstoppable needles". Ora, não faço ideia, mas pareceu-me uma "agulhada" bem metida nesta teia, pois factualmente, sequer é do meu conhecimento se Martha Stweart ganhou o prémio de melhor "poncheira" da ala prisional que ocupou. 

Creio reconhecer, finalmente o Poncho, como uma peça válida no "chariot", acima de tudo pelo sentido de mobilidade e portabilidade. Os tradicionais Ponchos são feitos em teares com lã de ovelha, o que apresento é de fibra sintética, não tem o objectivo de aquecer mas adornar. Até há pouco tempo inconcebível, "o casaco de vestir pela cabeça" serviria tão somente para aumentar o meu volume corporal. Nenhuma mulher quer isso, pois não?

Algo étnico em tons laranja, roxo e farripas nas pontas, quem quiser comprá-lo disponível aqui.

segunda-feira, 19 de março de 2012

# TWT 01 Styling - Khalo & Poncho


Poncho
Botas castanhas camurça
Brincos artesanais em madeira c/ cogumelos

J'adore Jane Birkin


Não nasci para ser líder, por isso é anedótico ser eu a decidir; Laura - Audrey, Sara - Marilyn e eu - Birkin. Pronto, ficámos contentes com os ícones que nos calhou na "rifa" e referências absolutas neste blog. Admito, logo depois pensei, raios, tinha de ficar com "a debochada". 

Apaixonei-me pela Jane Birkin no filme «Je T'aime Moi Non Plus», talvez deva fazer justiça e dizer que primeiro me embeicei pelo co-protagonista Joe Dallesandro. Poucos sabem da existência do filme, mas da música cheia de lírica arfante, em parelha com o mentor Serge Gainsbourg, arrisco-me a dizer que daqui a muitos anos será ainda um clássico "timeless", a que muitas criancinhas devem a sua vinda a este mundo.

Porque gosto de acreditar que um homem e uma mulher são pessoas, antes de tudo, agrada-me desde sempre o conceito de androginia.  A dualidade, faz parte da minha própria personalidade, que se reparte entre aquela feminilidade que suscita a dúvida aos que estão de passagem levantam o sobrolho " sim é uma mulher, mas há tanto de rapazola naquela fraca figura", pensam. Longe de mim comparar-me a Birkin mas é precisamente por me rever nessa confusão de género que me perdi por ela.

Audrey ou Marilyn são tão mais bonitas, graciosas ou elegantes que Jane, comparar é uma heresia. Aliás, poderíamos apontar-lhe excessiva magreza ou os dentes de cavalo, mas ao contrários dos dois outros ícones, (para além de ainda estar viva, o que é a maior de todas as diferenças), é genuinamente uma tipa com estilo. Caminhar na Paris dos anos 70 com baguetes numa cesta de vime, nunca lhe conferiu a pinta de "dona de casa", mesmo que o fosse. Há coisas que nem a máquina poderosa de Hollywood conseguiria fazer acontecer; o sentido de estilo. E isso está  encrostrado na sua pele como as marcas do seu próprio ADN, goste-se ou não, é inegável.

Como cantora, uma nódoa e até como actriz não lhe reconheço grandes créditos (embora «Je T'aime Moi Non Plus» seja um dos meus filmes favoritos), tem um espírito livre que lhe permite várias sinergias artísticas que são apenas brilhantes porque Birkin é Jane Birkin.

domingo, 18 de março de 2012

Porquê da Audrey !!!


Não há uma única razão para a escolha. Gosto da elegância, da classe, do ar um tanto ou quanto "naif" mas ao mesmo tempo uma "femme fatale" em potência "under cover", discreta, subtil e inteligente. Faz lembrar a época de ouro de Hollywood, o charme dos filmes a preto branco e das histórias de amor onde menos era mais e a imaginaçao era em si mesma uma personagem.... É impossivel não associá-la ao mítico «Breakfast at Tiffany's». O seu look tornou-a num ícon, associada a uma das minhas canções favoritas "Moonriver" ... Tudo parece mágico e cheio de um charme imortal ....