terça-feira, 5 de março de 2013

# Marina Abramovic@ Elle Servia - Janeiro' 2011



Kate Bush, estranha no seu estilo, uma espécie de bailarina fantasmagórica. Houve outras mulheres; Lene Lovich, Cyndi Lauper, Nina Hagen, Siouxsie Sioux, Madonna, são tantas, até chegarmos à Lady Gaga e todo o aparato visual e cénico, já pouco ou nada nos surpreende realmente. Não esqueçamos, já tudo foi inventado. 

Marina Abramomic, 40 anos depois o reconhecimento da crítica e do público em geral. De todas as mulheres "esquizóide" (citadas e por citar), garanto, ela ganha a medalha de ouro. Confessa no documentário "Marina Abramovic: The Artist Is Present", no início da carreira, recomendaram-lhe o internamento por distúrbios psicológicos. Hoje já não lhe perguntam porque considera as suas peça, arte, e Marina sorri sentindo uma evolução merecida na forma como a sociedade encara a mulher que é o centro das suas próprias criações. 


Marina nasceu na Sérvia, educação severa, base para a forma de operar na arte que pratica, implicando sacrifício físico e psicológico.  Concluiu os estudos de pós-graduação na Academia de Belas Artes de Zagreb, na Croácia em 1972. Entre 73 e 75, leccionou na Academia de Belas Artes de Novi Sad, na Sérvia, enquanto implementava as primeiras performances. A nudez, auto-punição com chicote ou objectos cortantes, são exemplos de uma forma de arte que vem das vísceras.  A criação é a partir do corpo de Abramovic, o primeiro a ser sacrificado. Foi assim desde o primeiro dia e é um princípio que defende enquanto tiver saúde. 

Conheceria o grande amor da sua vida Ulay, com quem representaria alguns momentos importantes da sua carreira, durante 5 anos. O mais simbólico, atravessar a muralha da China. Acção nobre, simbólica e romântica, cada um partiria de uma das pontas para se reencontrarem no centro. Mas as grandes histórias de amor não têm de ter um final feliz, pois não?  Esse reencontro foi o início do fim. 

Marina ganhou forças e refinou-se enquanto mulher, procurou grandes estilistas e valorizou-se como talvez nunca se tenha lembrado de fazer, sempre demasiado embrenhada no trabalho e no homem que teve a seu lado. Ulay dedicou-se à família e leva o trabalho artístico de forma, preguiçosa, como o próprio afirma. Abramovic é o oposto e afirma que não está neste mundo para viver debaixo da asa de um homem homem, cumprir o papel materno, mas para trabalhar e isso confere-lhe liberdade. 

25 anos depois reencontraram-se,  Ulay e Marina, o momento tornou-se viral no facebook e está incluído no documentário sobre a artista "Marina Abramovic: The Artist Is Present". 




Um dos grandes momentos do seu percurso, a retrospectiva do trabalho no Museu de Arte Moderna de Nova Iorque, de portas abertas durante alguns meses, recebeu milhares de visitantes que puderam ter uma experiência única de "eye contact" com Marina Abramovic.

A artista não tem qualquer dúvida em chamar-se a "avó da arte performativa", pelos muito bem conservados 63 anos. 

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