Não quero fazer a maternidade um drama. Já Fernando Pessoa dizia, “o melhor do mundo são as crianças”. Recordo que o poeta não experimentou a paternidade, pois caso o tivesse feito, há fortes indícios que esta frase podia aparecer da seguinte forma, “o melhor do mundo são as crianças, mas não na minha casa”.
Admito que não quero ser mãe. Esta decisão não apareceu assim do nada, e sempre esteve bem fundamentada. Ou seja, fui tia muito cedo. E o contacto com o delicioso mundo infantil aconteceu quando tinha 17 anos com o nascimento da minha segunda sobrinha. É suposto que os avós fiquem com os netos. Mas no meu caso, eu fui o alvo. Ops! O mundo das fraldas, dos biberões, e das chuchas giravam à minha volta. Nem quero imaginar como é ser mãe adolescente. Medo! A conversa da minha irmã girava à volta da criança. Se a bebé tinha comido bem, ou se tinha evacuado. Pois é, meus caros e minhas caras, é difícil estar neste mundo. O choro da criança irrita qualquer santo que se preze.
E leva-nos a pensar se é isto que queremos. Um filho não é um brinquedo, mas sim uma responsabilidade com vontades muito próprias. Com isto quero dizer, que seria bonito se todos nós, homens e mulheres, estivéssemos em contacto com as crianças antes de dizerem à boca cheia, “ah, adorava ser mãe/pai”. Por exemplo, uma espécie de formação. Se há formação de tudo e mais alguma coisa, por que não uns estágios em jardins-de-infância antes de gerar um filho? Um filho não deve servir para a fotografia, e por que fica bem ter um descendente para mostrar à sociedade.
Um filho deve ser desejado, por que o amor incondicional é um amor supremo e inabalável.
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