É quase certo, Nicole Kidman, Grace Kelly no grande ecran, num filme de Oliver Dahan, produzido por Pierre-Ange Le Pogam e o guião é da responsabilidade de Arash Amel. O objectivo não passa por um filme biográfico, mas focar o período de dezembro de 1961 a novembro de 1962. Na época, Grace Kelly, vencedora do Oscar e mãe de duas crianças, já era princesa há seis anos e foi convocada para ajudar Mónaco numa crise com a França.
Princesa, é um reino dos sonhos para quase todas nós, mas tenho a sensação que não o é para mim. Note-se, a minha primeira paixão foi Stefanie, a filha rebelde de Grace Kelly, e diz-se à boca pequena ter sido a causadora do acidente que vitimou a mãe. Lá estava a capa de uma cassete de audio com a gira da Stefanie, e mal sabia que o estilo androgino seria efectivamente e desde tenra idade uma tendência na estética que me apela. Naquele instante, aos meus olhos, seria a mulher com mais estilo do mundo!
A miúda dava muitas dores de cabeça à mãe, parecia renegar a sua posição de elemento da família real, e os seus comportamentos dados à boémia. Modelo, fazia capa das grandes revistas, enchia os tablóides com a sua vida vibrante e até que se lembrou de ser cantora. Seria apenas mais uma no caldeirão do "euro-pop", como tantos outros pirosos dos anos 80, parcos em talentos mas com a imagem certa. Acrescia a Stefanie, a família real, mesmo que os seus devaneios artísticos não resultassem, muito dificilmente ficaria nas ruas da amargura.
Só depois de conhecer Stefanie, cheguei a Grace Kelly, a história que fascinou o mundo inteiro. O conto de Fadas! Uma das mulheres mais bonitas de sempre, actriz reconhecida, vencedora de um Oscar pelo papel em «The Country Girl», considerada hoje uma das 50 actrizes mais importantes de sempre, e deixa tudo isso pelo trono. Eu nunca fui apreciadora de contos de Fadas, nem de histórias palacianas, e ainda agora me questiono como foi capaz de largar tudo pelo principe Rainier III, por quem não me parece ter havido propriamente amor, mas um deslumbramento pelo que representava. À altura o casamento mais mediático de sempre, a que iluminava o grande ecrã, seria princesa do Mónaco.
Infelizmente a minha leitura, não me demove da ideia de que não foi o amor que a instigou na sua escolha, mas a ambição. Em Hollywood seria apenas mais uma loira bonita, cujas rugas roubariam graciosidade. No Mónaco, os anos conferiam-lhe uma importância, um peso e altivez de Raínha. Grace Kelly, mantem-se como uma figura imaculada, mas eu continuo a preferir Stefanie, a doidivanas, a mulher que dá cabeçadas, tropeça, tem romances falhados ou filhos de pais diferentes, em busca do amor verdadeiro.
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