quarta-feira, 25 de abril de 2012

So What?


Nos 90's Madonna respondia a mais uma das suas polémicas com o célebre "So What?" Por essa altura urdia uma transformação na imagem, de "namoradinha (rabina) da américa" e uma assumida sexualidade; «Sex», o livro. Ainda hoje, procuro em leilões o magnífico exemplar, capa metálica, digno de fechadura a cadeado e um preço absurdo, incompatível com a minha bolsa. As fotos são tudo menos católicas, e curiosamente, a ligação de Madonna com Deus foi sempre ambígua, mas é efectivamente uma mulher de fé. Porque é mente aberta, libertina, criativa, e acima de tudo calculista, nunca deixou que as suas cranças lhe toldassem os caminhos a seguir. Bem pelo contrário, usa a religião, como coqueluche de eleição, desde as primeiras imagens do fim dos 70's, cheia de crucifixos, fios, brincos e pulseiras. Heresia para alguns, esperteza saloia, para o "portuguesinho" de vistas curtas, vê nela a "doida" que adoraria ter na cama, mas Deus livre o mundo de seres tão levianos.

A "cabra mor" num mundo replecto de cabrões, Madonna, distingue-se de um dos seus ídolos, Marilyn,  pela perversidade. Talvez o seu verdadeiro segredo, imune aos revezes, força indestrutível, astúcia, e muita pouca vergonha, os compostos no carácter de uma mulher, diria construída em laboratório. Dia 8 de Maio vai a leilão esta foto do livro «Sex», sessão com Steve Meisel, em Nova Iorque, e aguarda-se que as licitações cheguem pelo menos aos 5 mil dólares.

No livro «Sex» o título não engana e há mesmo sexo! Revelações de Madonna (sugerem-me fantasias para efeitos claramente comerciais) e imagens sexuais, linha ténue entre a vulgaridade e sensualidade. Mesmo para Madonna, a mulher que conquistou o mundo (segundo o seu sonho quando imberbe), expôr-se à luxúria numa obra de arte com o arriscado título "sexo", das duas uma, ou chocava ou defraudava. A Rainha sempre disse, bem ou mal, queria que falassem dela, portanto, o objectivo foi conseguido e as imagens chocaram. 


 No seguimento do livro, o CD «Erotica», muito mal recebido pela crítica, Madonna apresenta a sonoridade "dance" do costume, mas desta vez, coloca a "pop pastilha elástica" de parte e apresenta-a num prisma granula, cheia de impurezas, introduzindo algum rythm and blues. Canta sobre raparigas mal comportadas, que bebem e fumam em demasia ou sobre o flagelo da Sida. Destacam-se «Fever» e «Rain», não sabemos se Madonna se terá constipado durante a digressão "The girlie Show", facto é que a chuva acompanhou-a forte e feio. Os fãs nunca a deixaram, mesmo nas piores intempéries. E quando se fala da queda da Rainha, ela reaparece, renovada e uma jovialidade surreal, como se esta mulher imparável e infernal, tivesse mesmo um pacto com o diabo.

Sem comentários:

Enviar um comentário