segunda-feira, 26 de março de 2012

«MDNA» DAY!


Hoje é dia «MDNA» porque nada me impediria de comprar o novo CD do meu ídolo incontestável, Madonna. Electrónica pura, tão bem produzido que um disco destes merece ser ouvido alto e bom som, com William Orbitt uma vez mais, a mostrar porque é um dos mais conceituados do género. A caminho de casa, com o carro a pulsar por todo o lado, «Girl Gone Wild», não fica bem à minha reputação, pior só mesmo a faixa «Gang Bang» escrita com «Mika», ela mata o amante, e sim, há armas de fogo, palavras rudes, uma miúda sem pudor e uma mota em fuga. Uma vez mais, num bairro pequeno, onde um boato depressa se torna numa verdade absoluta, não é aconselhável ser apanhada em público a ouvir canções tão viscerais. 


Madonna tão presente na nossa vida, nomeadamente nos últimos anos com digressões sucessivas e exaustivas, pergunto-me; não estará a queimar os últimos cartuchos para num destes dias deixar de vez os palcos? Pela primeira vez em Portugal, não pude faltar naquele Pavilhão Atlântico à pinha, o espectáculo era retrospectivo e dizia-se que Madonna talvez pensasse calçar as pantufas e limitar-se a gerir a sua fortuna da poltrona do salão de chá, coberta de quadros de célebres pintores, excentricidade a que se permite, aquela que poucos sabem ser na verdade, "forreta". 


Dizer de Madonna uma segunda mãe, o maior disparate, mas como a minha é absolutamente insubstituível, e no campo das possibilidades não vejo outra mulher tomar o pulso à vida como "a minha mãe", observo desde sempre Madonna ícone, o meu ídolo e uma "impossible mom", com a mesma idade e signo da minha progenitora, portanto, dois ossos duros de roer.

Desde que tenho poder de compra, se há um novo CD/DVD de Madonna, eu vou a correr comprar. Deve ser das poucas artistas, faço questão de não "piratear", tenho absoluto prazer em ouvi-la em formato disco, absorver as letras, tantas vezes "pop" desinteressante, outras surpreendentemente profundas, à laia de "isto é divertido, mas pode levar-te a algum lado". A primeira que assimilei, roí-me por dentro e matutei durante meses, num trabalho cuja capa claramente sexual, assim como o título «Erotic», Madonna dizia sobre a discriminação «ignorance is not bliss», no tema «In This Life» e um registo simples e sem o "folclore" da electrónica. No entanto, fala-nos da sua capacidade de sobrevivência enquanto nos eleva num passo de dança ligeiro  em «BedTime Stories» e o tema «Survival». 


Madonna contou um dia que decidiu pela vida artística, não porque fosse uma cantora ou bailarina extraordinárias, mas porque tinha algo para dizer. É facto, nem sempre concordo com o que diz, com os seus pares musicais como aconteceu em «Hard Candy» um disco que considero deplorável, mas comprei-o, como o faria num CD apenas com faixas de gargarejos da "rainha da pop". O Spotinguista ama o seu clube, perca ou ganhe, eu amo Madonna faça ou não músicas como deve ser. E vou mais longe, sem a parafernália electrónica, a fragilidade e debilidade da voz são tão evidentes que chega a doer o coração e dizem os entendidos que o coração não doí. 



Numa experiência acústica para o MTV, Madonna com boina à Ché Guevara, promovia «American Life» e armava-se em "story teller" e lá diria o povo "não dava a bota para a perdigota" e nem a viola em punho disfarçava a falta de jeito para lidar com o público, na sua verdadeira essência, na intimidade. É claro, desforrou-se com o dançante «Confessions on a Dancefloor», todos amaram o disco, menos o marido à altura, o pedante Guy (curioso nome para um homofóbico) Ritchie. A relação já não andava famosa, Madonna formosíssima recria o espírito do "disco sound" dos 70s e o mundo explodiu numa bolha de purpurinas, foi a loucura nas pistas de dança, quem sabe desde «Vogue».


É no entanto de louvar a tentativa em trilhar outros caminhos, nunca se sabe, quando não houver força nas canetas pode ser,  que pela altura a já «material grand-mom», desenvolva a capacidade de se despir dos artifícios do show-bizz, mostrar uma canção na sua essência, despedir os bailarios, e mostrar-se sem rede a um público que amará sempre, Madonna, com todas as fraquezas e riquezas que caracterizam uma das notáveis do século XX/XXI.

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